“Não há uma língua portuguesa, há línguas em português”, disse José Saramago em depoimento para o documentário “Línguas, vidas em português”, filme que aborda as diferentes nuances do português falado por milhões de pessoas pelo mundo. A frase de Saramago é fundamentada na própria experiência. Ele foi vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, em 1998, e do Prêmio Camões, em 1995, o mais importante da língua portuguesa. Por aí já dá pra notar a importância dele para o nosso idioma, né?
Saramago nasceu em 1922, em uma aldeia em Portugal. Mudou-se para Lisboa acompanhado da família aos dois anos. Sempre demonstrou interesse pela arte. Foi tradutor de Tolstói, Hegel e Baudelaire. Ele também escrevia crônicas para jornais. Apenas em 1975 passou a se dedicar exclusivamente à literatura. Entretanto, o primeiro livro já havia sido publicado, “Terra do pecado”.
Estilo e legado
Talvez uma das maiores marcas de Saramago na escrita sejam os longos parágrafos e a pouca demarcação de variação do discurso. Então, por exemplo, se há um diálogo, ele não ocorre como de costume, com travessão ou aspas. Mesmo assim, não é uma leitura difícil, aos poucos o leitor se acostuma e entra no ritmo. Essa forma de escrita remete à oralidade, uma característica do autor tida como influência da sua história. Isso porque ele teve pouco acesso à educação na infância.
Por esse e por outros traços narrativos e de carreira, José Saramago subverteu regras e normas da língua portuguesa e escreveu obras primas como “Ensaio sobre a cegueira”, “Memorial do convento”, “O ano da morte de Ricardo dos Reis” e “O evangelho segundo Jesus Cristo”.
O legado que fica é de um autor que explorou e valorizou a sua língua materna e se dedicou integralmente para construir e narrar histórias por meio dela. Além da produção literária, Saramago também foi diretor da Associação Portuguesa de Escritores, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores e diretor adjunto do jornal Diário de Notícias.
SOBRE O FLIARAXÁ
O Fliaraxá – Festival Literário de Araxá – foi criado em 2012 pelo empreendedor cultural Afonso Borges, diretor-presidente da Associação Cultural Sempre um Papo. As cinco primeiras edições aconteceram no pátio da Fundação Calmon Barreto e, a partir de 2017, o festival passou a ocupar o Tauá Grande Hotel de Araxá, patrimônio histórico do Estado de Minas Gerais, edificação construída em 1942. Naquela edição, nasceu também o “Fliaraxá Gastronomia”. Nestes 8 anos de existência, cerca de 140 mil pessoas passaram pelo festival, mais de 400 autores participaram da programação e 130 mil livros foram comercializados na livraria do evento.
IX FLIARAXÁ – FESTIVAL LITERÁRIO DE ARAXÁ – 28 DE OUTUBRO A 1º DE NOVEMBRO DE 2020
Informações: www.fliaraxa.com.br
Texto: Jaiane Souza/Culturadoria