Por Gabriel Pinheiro

A mesa de encerramento do 12.º Fliaraxá reservou uma surpresa para o público: a participação da Ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia. De maneira on-line, Cármen Lúcia fez uma emocionante fala sobre a importância da leitura e de festivais literários como o Fliaraxá.

“Não estou aí porque não posso. Meu gosto seria estar aí com vocês”, comentou a ministra no início de sua fala. “Festivais literários como este, produzidos com tanto carinho, são presentes para a nossa humanidade”. Na sequência, Cármen relembrou o País na década de 1960, durante a ditadura militar, citando Carlos Drummond de Andrade: “Se não há festa no momento,/ há festival/ e entre faixas, flâmulas flamengas/ e outras que tais/ o povo escolhe, soberaníssimo,/ seus ritmos ao tempo e ao vento”.

“Os festivais literários cumprem, nestes tempos, um acordar no nosso sonho civilizatório. Todos têm o direito de ler um livro, de serem alfabetizados”, destacou a ministra. Citando Antonio Candido, a magistrada declarou: “São os livros que realizam essa possibilidade de a gente se reorganizar, viver com a gente mesmo, viver com o outro”. Candido, um dos maiores pensadores da história da literatura brasileira, retornou ao discurso da convidada: “Assim como não é possível haver equilíbrio sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura.”

“Nestes tempos, Afonso, precisamos muito de festivais como os que você promove”, salientou Cármen Lúcia, para quem a arte é a salvação da humanidade. “Estamos vivendo numa democracia que ainda tem muito a fazer, muito a percorrer. A arte é a salvação da humanidade para mim. A literatura é o instrumento mais apropriado para que a gente tenha essa reorganização pessoal, política e social.”

A ministra ainda destacou a importância da literatura em uma contemporaneidade permeada por telas e o seu papel em permitir que entendamos o outro. “Eu diria que todas as obras literárias em toda a história da humanidade expõem todas as dores e também todas as alegrias do ser humano.”

Ao fim, a possibilidade de confraternização proporcionada por eventos como o Fliaraxá concluiu a fala de Cármen Lúcia: “São momentos em que a gente tem o gosto do encontro e da união em uma humanidade tão desencontrada e, portanto, tão necessariamente dependente de reuniões e encontros como esse.”

Sobre o Fliaraxá

A CBMM apresenta, há 12 anos, o Festival Literário Internacional de Araxá, um festival literário com atividades acessíveis, inclusivas, antirracistas, éticas, educativas e em equilíbrio com a diversidade, economia criativa, raça, gênero e pessoas com deficiência. Toda a programação é gratuita, garantindo a democratização do acesso. O Fliaraxá tem, também, o patrocínio do Itaú, da Cemig e do Bem Brasil, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Participam, na qualidade de apoio cultural, a Prefeitura de Araxá, a Fundação Cultural Calmon Barreto, a TV Integração, a Embaixada Francesa no Brasil, o Institut Français e a Academia Araxaense de Letras. Todas as atividades do Festival são gratuitas, com a curadoria nacional de Afonso Borges, Tom Farias e Sérgio Abranches e curadoria local de Rafael Nolli, Luiz Humberto França e Carlos Vinícius Santos da Silva.

Serviço

12.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 19 a 23 de junho de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Programação presencial na Fundação Cultural Calmon Barreto (Praça Artur Bernardes, 10 – Centro), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @‌fliaraxa
Entrada gratuita
Informações para a imprensa: imprensa@fliaraxa.com.br
Jozane Faleiro  – 31 99204-6367/ Letícia Finamore – 31 98252-2002