conto e crônica

Como um autor determina em qual gênero literário vai escrever? Depende. Se ele for demandado pela editora, precisa ser em um formato específico; se for criando de forma autônoma, é o próprio texto que vai ditar o seu formato. No caso do conto e da crônica, como os gêneros aproximam-se muito, o desafio também é grande. Tendo isso em mente, os autores Sérgio Rodrigues, Rodrigo Lacerda e Gonçalo M. Tavares participaram da mesa “Que gênero é: conto e crônica”, que contou com mediação de Luiz Ruffato.

“A história acaba dizendo a forma que o texto vai acabar assumindo. No caso do conto e da crônica, é um pouco mais confuso, porque ambos são curtos, de fôlego curto, e podem se confundir”, registra Sérgio Rodrigues. De acordo com ele, o que diferencia um conto que sai no jornal, por exemplo, daquele que é publicado no livro é apenas o imediatismo do suporte. Além disso, ele destaca que a crônica tem como condição básica ser leve. “Se não o sujeito vira a página e vai ler outra coisa. A crônica não permite certas funduras que a ficção curta ou longa permite”, explica.

Sem divisão de gêneros

Por outro lado, Gonçalo M. Tavares é categórico ao dizer que definir ou ficar procurando o tempo todo formas de enquadrar os textos diminui a potência da linguagem. “Eu acho que tem mais a ver com a recepção e não com a emissão. Escrevo com o alfabeto, e o alfabeto não tem gênero literário. Esse é o material de trabalho de um escritor”, comenta. 

Vale destacar que Gonçalo é um dos principais escritores da contemporaneidade. Já recebeu diversos prêmios, como o José Saramago, em 2005, e o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores Camilo Castelo Branco.

Experimentação

Rodrigo Lacerda enxerga a relação entre os gêneros literários como um lugar de experimentação. “Os contos e as crônicas que já escrevi ao longo da carreira são um grande laboratório de experiências, de formas e vozes literárias, pontos de vista e questões estruturais da narrativa.” Dessa forma, quando quer produzir um texto mais experimental ou com estrutura diferente, ele experimenta em narrativas curtas primeiramente. “Por isso os meus livros de conto são tão heterogêneos”, destaca. 

Além de falarem das particularidades de produção e da relação com contos e crônicas, os escritores comentaram sobre a temática do Fliaraxá. Sérgio Rodrigues fez questão de destacar o quanto a pluralidade na língua é importante. “Acho que a diversidade faz muito bem ao português. Temos a contribuição africana, indígena, brasileira e até os estrangeirismos do francês, do inglês, etc. Tudo isso está sendo processado por uma língua que é muito viva e importante no mundo”, comenta.

Acompanhe a seguir a programação em tempo real.

SOBRE O FLIARAXÁ

O Fliaraxá foi criado em 2012 pelo empreendedor cultural e diretor-presidente da Associação Cultural Sempre um Papo, Afonso Borges. As cinco primeiras edições aconteceram no pátio da Fundação Calmon Barreto e, a partir de 2017, o festival passou a ocupar o Tauá Grande Hotel de Araxá, patrimônio histórico do Estado de Minas Gerais, edificação construída em 1942. Naquela edição, nasceu também o “Fliaraxá Gastronomia”. Cerca de 140 mil pessoas passaram pelo festival. Mais de 400 autores participaram da programação.

IX FLIARAXÁ – FESTIVAL LITERÁRIO DE ARAXÁ – 28 DE OUTUBRO A 1.º DE NOVEMBRO DE 2020

Transmissão virtual 24 horas pelos canais:

www.youtube.com/fliaraxá

www.fliaraxa.com.br

Texto por Jaiane Souza/Culturadoria