O prêmio de redação Maria Amália Dumont, concedido anualmente pelo Fliaraxá, é a ação de maior duração do evento. Explico, para que o certame aconteça é necessário, primeiramente, uma grande mobilização nas escolas. Quando os movimentos iniciais do festival são colocados em marcha, elas são as primeiras a serem acionadas. Não se trata apenas de entregar um tema para os estudantes escreverem sobre ele. Há um trabalho anterior, realizado pelos professores, levando aos seus alunos os assuntos urgentes que norteiam o festival. Esse ano, por exemplo, o mote foi: Educação, Literatura e Patrimônio.

Ou seja, os primeiros espaços a se engajarem, a se envolverem com os movimentos propostos pelo Fliaraxá são as escolas. É ali que o tema é apresentado; é ali que os primeiros debates acontecem.

Já no festival propriamente dito, o prêmio de redação ocupa um espaço ímpar. Ele é visto por muitos como o momento mais importante, sendo chamado de “o coração do Fliaraxá”. Essa afirmação se baseia na ideia de que uma festa que tem a literatura como estrela, deve ter como meta a formação de leitores. E leitores são formados, dentre outras formas, a partir de um acesso democrático aos livros, à leitura e o contato com o mundo literário.

Ao ser premiado, esse jovem é colocado dentro da corrente sanguínea da literatura brasileira. Este ano, para se ter uma ideia, havia no palco uma quantidade significativa de grandes autores nacionais, todos ali para aplaudir os vencedores. Interessante mencionar que sempre há, ano após ano, pelo menos um desses autores que tomam a palavra para relembrar dos seus primeiros passos no mundo literário. No geral, relembram que houve, em seus caminhos, um concurso de redação como esse. Logo, é possível vislumbrar que, além de formar leitores, o concurso de redação é uma alavanca para se formar escritores.

Por último e não menos importante, há uma terceira etapa neste processo. Uma etapa nova, que estende a amplitude do concurso, dando maior visibilidade aos seus vencedores. Os alunos e professores foram convidados pela deputada estadual Beatriz Cerqueira, presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, para participarem de uma Audiência Pública. A visita ocorreu no mês de outubro e culminou com um momento solene, de entrega de certificados.

A homenagem se repete agora, na Câmara Municipal de Araxá. Organizada pela vereadora Leni Nobre, a entrega dos votos de congratulações contou com a presença de diversos vereadores, autoridades, diretores, coordenadores e familiares. Sendo assim, nossos jovens escritores e seus professores, puderam ser novamente aplaudidos.   

Enfim, o concurso de redação que abriu as portas do 11º Fliaraxá, que abrilhantou o festival, viveu essa semana a sua última ação de 2023. Ano que vem, recomeçamos a partir da mobilização das escolas e toda a saga se repetirá, porém com diversas novidades. 2024 promete.

Por Rafael Nolli, professor de geografia e literatura, curador da programação infantil do Fliaraxá