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“Em que momento a gente diz que um autor é negro e sua literatura é negra?”, questionou o escritor Jeferson Tenório na mesa “Literatura e crítica social” na tarde deste sábado, dia 31. Ao lado dele participaram os escritores Germano Almeida e Sérgio Abranches. Eles falaram de racismo, literatura, futuro e o que é ser escritor.
O autor cabo-verdiano Germano Almeida se apresentou como um contador de histórias. “Não sou um escritor, sou um contador de histórias. Conto histórias da minha gente, que ouvi desde a minha infância e que fui criando ao longo dos anos”. “Sou adepto de ser um contador de histórias. Sempre me preocupei em contar uma e em todos os meus livros essa foi minha preocupação. Todo bom ficcionista é um bom contador de histórias”, acrescentou Jeferson Tenório.
“O escritor é fruto do seu tempo”
Jeferson levantou uma questão muito importante sobre o que é ser autor de livros e temas que devem ser discutidos. “O escritor é fruto do seu tempo. Sendo assim, é impossível escrever sem os rastros que nos marcaram. Eu vivo em uma sociedade que vive o racismo e é muito difícil isso não aparecer nos livros”. “Sim. As pessoas já me criticaram por não escrever como escritores africanos”, acrescentou Germano.
Questões sobre racismo na literatura e sociedade também foram discutidas. Jeferson disparou que é difícil resolver algumas coisas no Brasil sem resolver questões raciais. “Sou um escritor de uma geração que propõe outra visão de ponto de vista e experiência sobre quem são pessoas negras no Brasil”. “O país é dividido por um racismo estrutural que aflorou de uma forma aberta”, rebatou Sérgio.
Germano Almeida revelou o desafio de ser escritor em Cabo Verde. Segundo ele, um autor no país tem que ter outras profissões para conseguir sobreviver. “Sou um autor de Best-seller e vendo mil exemplares em um, dois anos. O escritor aqui sempre que tem que ter outra opção. Não dá pra viver de literatura”.
SOBRE O FLIARAXÁ
O Fliaraxá foi criado em 2012 pelo empreendedor cultural e diretor-presidente da Associação Cultural Sempre um Papo, Afonso Borges. As cinco primeiras edições aconteceram no pátio da Fundação Calmon Barreto e, a partir de 2017, o festival passou a ocupar o Tauá Grande Hotel de Araxá, patrimônio histórico do Estado de Minas Gerais, edificação construída em 1942. Naquela edição, nasceu também o “Fliaraxá Gastronomia”. Cerca de 140 mil pessoas passaram pelo festival. Mais de 400 autores participaram da programação.
IX FLIARAXÁ – FESTIVAL LITERÁRIO DE ARAXÁ – 28 DE OUTUBRO A 1.º DE NOVEMBRO DE 2020
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Texto por Thiago Fonseca/Culturadoria