Abolição, Independência e Literatura

Por Tom Farias, curador do 10° Festival Literário de Araxá (Fliaraxá)

Em um Brasil que se esforça para ser cada vez menos um país de grandes potencias minerais, ambientais e tecnológicas, negando o seu poder gigante como nação, o 10º Fliaraxá – “Abolição, Independência e Literatura” – veio comprovar que, durante o transcurso de uma década, o Festival Literário de Araxá, sediado nessa importante cidade mineira, continua sendo o escudo que protege a vida pensante brasileira contra o negacionismo na cultura, o desinteresse pela história e o desprezo pela vida das ideias.

Evocando o processo político de luta contra a escravidão e a Independência de um país – que parece se manter ainda de joelhos ao jugo das grandes nações -, a literatura, atuou como eixo formulador de novos caminhos de integração entre o povo e sua terra, entre a liberdade e a necessidade de se fazer uma nova abolição e se proclamar uma nova república brasileiras, de pensamento progressista e agregador. A edição de 2022, o 10º Fliaraxá, corroborou com todas essas expectativas, e, mais uma vez, superou os objetivos, alcançando recorde de público presente e virtual. A sua verdadeira missão – a promoção do livro e da leitura, a aproximação do leitor com seu escritor ou sua escritora, atingiu seu ponto culminante nas homenagens a Maria Firmina dos Reis, Itamar Vieira Junior e Jeferson Tenório – ela, a primeira romancista negra do Maranhão e do Brasil; eles, dois dos mais representativos escritores da atualidade.

A caminhada, no entanto, só está começando, e os passos dados com o 10º Fliaraxá, só demostra que a perspectiva de novos êxitos está na linha do horizonte de um festival que já provou para Minas Gerais e para o Brasil que veio para ficar.

Sigamos juntos, com a Fliaraxá no peito e o amor pelo livro e pela leitura.