“Nós precisamos falar e contar a história para que elas tenham acabamento. Algo foi destampado e nós não sabíamos que era um fundo recessivo que se espalhou pela sociedade”, disparou a historiadora e cientista política Heloisa Starling. Ela foi moderadora da mesa “Literatura e História”, na tarde desta quinta-feira, dia 29. O encontro contou com as presenças de Lira Neto e Ignácio de Loyola Brandão. Eles falaram sobre a importância da ficção, da história, como escrever e o momento político atual que o Brasil enfrenta. 

A moderadora abriu o evento indagando se a ficção sugere possibilidade do que não aconteceu ou permite a historia enxergar o que de algum modo está acontecendo. O contista e romancista Ignácio de Loyola Brandão respondeu que a realidade vem atrás da ficção. “Não tenho culpa da realidade nos copiar, porque ela é pobre, não tem imaginação e nem capacidade de perguntar o que pode acontecer. Se nós inventamos é porque elas devem estar em algum ponto do universo”, comentou. 

O Biógrafo, Lira Neto, disse ter inveja dos romancistas por inventar tantas histórias incríveis. “Sou limitado do ponto de vista da imaginação e contar histórias. Eu preciso olhar para os fatos para narrá-los. Não sei criar e inventar. A imaginação é indispensável pro sentido da história. De fato é preciso ter um olhar inventivo e criativo, disse. O escritor deu dicas de escrita e ressaltou a importância dos detalhes, da apuração e pesquisa para uma texto bem feito. 

Política e incentivo

A temática política começou a ser discutida com o pontapé do livro “Zero” (1992), de Ignácio. Na obra, o escritor reuniu material que a censura proibiu na ditadura e contou os bastidores. Já Lira, contou sobre a biografia que fez do Padre Cícero. “Queria entender o que o fato gerou nas pessoas e na sociedade. O que o padre despertava nas pessoas, não se era uma farsa. Fiz uma obra para compreender o homem e suas circunstâncias”.

O momento político atual que o Brasil enfrenta também foi tema do bate-papo. Em foco o livro de Ignácio: “Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela”, de 2018, que fala sobre a extinção dos ministérios no Governo Federal. “Essa vida que estamos levando é a normal e é isso que quero retratar”, disse o escritor sobre a obra.

Lira completou. “De dez anos para cá foi se normalizando coisas, o politicamente incorreto que começou a destampar. As comportas foram sendo abertas lentamente. A satanização da política entra nesse caldeirão, quando atravessamos valores que não podiam ser ultrapassados”. 

Os melhores momentos do primeiro dia de Fliaraxá:

SOBRE O FLIARAXÁ

O Fliaraxá foi criado em 2012 pelo empreendedor cultural e diretor-presidente da Associação Cultural Sempre um Papo, Afonso Borges. As cinco primeiras edições aconteceram no pátio da Fundação Calmon Barreto e, a partir de 2017, o festival passou a ocupar o Tauá Grande Hotel de Araxá, patrimônio histórico do Estado de Minas Gerais, edificação construída em 1942. Naquela edição, nasceu também o “Fliaraxá Gastronomia”. Cerca de 140 mil pessoas passaram pelo festival. Mais de 400 autores participaram da programação.

IX FLIARAXÁ – FESTIVAL LITERÁRIO DE ARAXÁ – 28 DE OUTUBRO A 1.º DE NOVEMBRO DE 2020

Transmissão virtual 24 horas pelos canais:

 www.youtube.com/fliaraxá 

www.fliaraxa.com.br

Texto por Thiago Fonseca/Culturadoria