
Por Gabriel Pinheiro
A escritora Aline Bei e o autor português Afonso Cruz conversaram nesta noite de sexta no 12.º Fliaraxá com o escritor Marcelino Freire. O papo perpassou a obra dos dois autores e a maneira como elas dialogam com diferentes expressões artísticas, a importância da infância no trabalho que realizam enquanto adultos e os experimentos textuais e editoriais que seus livros apresentam.
Marcelino Freire deu início à conversa incentivando os convidados – multifacetados – a compartilharem com o público a maneira como outras expressões artísticas que realizam dialogam com a literatura que produzem. Aline Bei formou-se, enquanto artista, primeiramente, dentro do teatro: ”Essa formação no teatro me levou para a escrita, mesmo que inconscientemente. Mas o teatro não foi embora. Fico nessa fronteira. Ser atriz me ajuda a entender o ritmo dos meus textos”. Ela também destacou o quanto a escrita é um trabalho solitário, enquanto o teatro é construído na coletividade. Na sequência, Afonso Cruz declarou não gostar de fronteiras dentro do trabalho que realiza. O escritor português também é músico e artista plástico, sendo responsável, inclusive, pelas ilustrações de alguns de seus livros.
Na sequência, Marcelino pediu para os convidados mergulharem em suas infâncias, compartilhando com o público presente suas respectivas formações. Aline declarou que a infância é onde ela se alimenta para escrever suas obras. “A infância sempre traz um frescor para a própria palavra.” Numa casa sem livros, a biblioteca da escola se transformou em um refúgio para Bei. “Eu guardava os livros na minha memória e contava para minha mãe. Acho que a atriz começou a surgir nesse movimento de levar a história de um lugar para outro.” Afonso Cruz comentou ter tido muita sorte quando criança. Filho único, passou muito tempo com os livros – numa casa com biblioteca. “Aquela casa era cheia de objetos estranhos. Era um mundo muito fascinante.”
Conhecido por sua oficina literária, por onde passaram muitos dos maiores escritores e escritoras do País – Aline Bei foi uma de suas alunas –, Marcelino Freire pediu para que Bei falasse sobre a “mancha do texto”, o espaço utilizado da página do livro em sua escrita. Os livros de Aline são conhecidos por uma construção textual singular, que reflete na disposição das palavras e frases ao longo das páginas. “Aos poucos eu fui encontrando esse modo de dizer que foi me ensinando o meu próprio ritmo.” Marcelino destacou como os livros de Afonso Cruz desarranjam algumas normas da literatura e dos livros. Um de seus livros, inclusive, possui três finais diferentes. Dois destes finais foram editados em exemplares únicos, lançados juntos da tiragem inicial do livro.
Aline Bei compartilhou com o público presente alguns detalhes de seu terceiro livro, uma narrativa sobre avós, que surge a partir de uma frase de seu último romance, “Pequena coreografia do adeus”. ”Eu vou encontrar meu próximo livro no livro que escrevo. É quase como um novelo que vai puxando uma coisa e outra.” Já Afonso comentou que seu próximo livro, “Fábrica de criadas”, é mais uma narrativa singular – pela qual já é conhecido – envolvendo um asilo, duas crianças e uma boneca de papel. O livro foi publicado, primeiramente, como um folhetim no jornal português Público, que foi publicado entre 25 de abril de 2023 e 25 de abril de 2024 quando se completaram 50 anos da Revolução dos Cravos, em Portugal.
Sobre o Fliaraxá
A CBMM apresenta, há 12 anos, o Festival Literário Internacional de Araxá, um festival literário com atividades acessíveis, inclusivas, antirracistas, éticas, educativas e em equilíbrio com a diversidade, economia criativa, raça, gênero e pessoas com deficiência. Toda a programação é gratuita, garantindo a democratização do acesso. O Fliaraxá tem, também, o patrocínio do Itaú, da Cemig e do Bem Brasil, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Participam, na qualidade de apoio cultural, a Prefeitura de Araxá, a Fundação Cultural Calmon Barreto, a TV Integração, a Embaixada Francesa no Brasil, o Institut Français e a Academia Araxaense de Letras. Todas as atividades do Festival são gratuitas, com a curadoria nacional de Afonso Borges, Tom Farias e Sérgio Abranches e curadoria local de Rafael Nolli, Luiz Humberto França e Carlos Vinícius Santos da Silva.
Serviço
12.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 19 a 23 de junho de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Programação presencial na Fundação Cultural Calmon Barreto (Praça Artur Bernardes, 10 – Centro), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliaraxa
Entrada gratuita
Informações para a imprensa: imprensa@fliaraxa.com.br
Jozane Faleiro – 31 99204-6367/ Letícia Finamore – 31 98252-2002