
Assim como Cabo Verde, as ilhas de São Tomé e Príncipe não eram habitadas até o começo da exploração por parte dos portugueses. Dessa forma, a colonização foi gradual a partir de 1470 e serviu como centro comercial, principalmente para o comércio de escravos pelo Atlântico. Esses escravos trabalhavam forçadamente em cultivos de açúcar, café, cacau, etc. Além disso, eram, em grande parte, de Angola e de Cabo Verde (também polo de comércio de escravos e rota marítima entre Brasil, Portugal e países da África).
O encontro de diferentes povos fez entrar em contato línguas e dialetos. Por isso, além do português como língua oficial de São Tomé e Príncipe, há outras línguas maternas e nativas, como o angolar, o tonga e o monco.
O angolar, por exemplo, é uma língua crioula de base portuguesa, ou seja, possui características do idioma de Portugal. É interessante destacar que os angolares, falantes de angolar, são um grupo étnico que se formou após um naufrágio no sul de São Tomé. Um navio com escravos originários de Angola naufragou e muitas pessoas conseguiram nadar até a ilha e sobreviver. Esse fato ajudou no desenvolvimento da língua.
Características do português de São Tomé e Príncipe
O português como língua oficial do país é falado por quase 100% da população. Entretanto, há algumas curiosidades: o idioma ainda é carregado de características do português arcaico, tanto no léxico quanto nas construções sintáticas, e parece com o português brasileiro na gramática e na sintaxe. Por outro lado, as classes altas e as classes políticas usam o português padrão europeu.
Mesmo com as diferenças, São Tomé e Príncipe segue as regras gramaticais e ortográficas do português europeu. Em 2006, o país aprovou o Acordo Ortográfico de 1990, que unifica o português em países que têm o idioma como língua oficial. No entanto, o Acordo de 1945 ainda é utilizado por lá.
Neste documentário, você pode entender um pouco mais sobre a diversidade cultural, social e política do mundo da língua portuguesa. Ele faz parte de uma série de 28 documentários sobre o tema.
Autores no Fliaraxá
Marcam presença no IX Fliaraxá as escritoras Olinda Beja e Conceição Lima de São Tomé e Príncipe. Olinda busca retratar em suas obras as belezas da ilha de origem, o seu povo e o dia a dia, além do sofrimento e da busca por futuro melhor. Ela participa da mesa “Literatura, identidade e pertencimento” em 29/10, às 19h, ao lado de Elisa Lucinda e Abdulai Sila. Conceição Lima é poeta e participa da mesa “Que gênero é: poesia” em 30/10, às 16h, ao lado de João Luís Barreto Guimarães e Adriana Lisboa.
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SOBRE O FLIARAXÁ
O Fliaraxá foi criado em 2012 pelo empreendedor cultural e diretor-presidente da Associação Cultural Sempre um Papo, Afonso Borges. As cinco primeiras edições aconteceram no pátio da Fundação Calmon Barreto e, a partir de 2017, o festival passou a ocupar o Tauá Grande Hotel de Araxá, patrimônio histórico do Estado de Minas Gerais, edificação construída em 1942. Naquela edição, nasceu também o “Fliaraxá Gastronomia”. Cerca de 140 mil pessoas passaram pelo festival. Mais de 400 autores participaram da programação.
IX FLIARAXÁ – FESTIVAL LITERÁRIO DE ARAXÁ – 28 DE OUTUBRO A 1.º DE NOVEMBRO DE 2020
Transmissão virtual 24 horas pelos canais:
Texto por Jaiane Souza/Culturadoria