O 11.º Festival Literário de Araxá – Fliaraxá –, que acontecerá entre 5 e 9 de julho, de quarta-feira a domingo, em formato figital – ou seja, presencial e digital –, realizará o Ciclo de Debates Virtuais “Educação e Patrimônio Cultural: as vivências culturais como herança formativa”. Ao todo, serão 12 mesas de debate, das quais participarão professores, historiadores, pesquisadores e profissionais para discutir temas como a construção de conhecimento com os espaços de memória e o uso e a preservação de bens culturais. A temática escolhida para o ciclo reflete o tema dessa edição do Festival, “Educação, Literatura e Patrimônio.

A curadoria dos debates foi realizada por Michele Arroyo. Ela é graduada em História pela UFMG, especializada em Arte Barroca (Universidad Complutence de Madrid) e em Memória, Patrimônio, Arquivo e Museu (UEMG), além de ser mestre e doutora em Ciências Sociais pela PUC Minas. Michele atuou em diversos órgãos do governo – por exemplo, no Ministério da Cultura, como superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas Gerais, e na Prefeitura de Belo Horizonte, como Diretora de Patrimônio Cultural. Ela também será a mediadora de todas as mesas de debate do ciclo.

O Fliaraxá entrevistou a Michele a respeito dos objetivos do Ciclo de Debates Virtuais “Educação e Patrimônio Cultural: as vivências culturais como herança formativa”, além do processo de escolha de convidados e temas para ele. Confira, a seguir, a entrevista:

Fliaraxá – Quais assuntos o Ciclo de Debates Virtuais “Educação e Patrimônio Cultural” pretende discutir? O que quer dizer o subtítulo “As vivências culturais como herança formativa”?

Michele – Para esse ciclo de debates, buscamos refletir sobre as dimensões educativas presentes nas dinâmicas e nos processos de valoração e ressignificação do bens culturais materiais e imateriais. Quando tratamos do Patrimônio Cultural, nos referimos não apenas aos bens culturais já reconhecidos pelas políticas públicas, mas também, e principalmente, às relações entre memória, identidade, tempo e história estabelecidas no cotidiano dos coletivos e das comunidades, na vivência de seus conhecimentos, formas de expressão, modos de vida, tradições. Assim, consideramos que as vivências individuais e coletivas são processos formativos, pois carregam conhecimentos, narrativas que alimentam nossa percepção de mundo, saberes e sentidos que estão presentes na pluralidade e diversidade do patrimônio cultural. Um edifício, uma praça, a cultura alimentar, as festas, os rituais e ofícios carregam conhecimentos produzidos, transmitidos e ressignificados ao longo do tempo. Por isso, as vivências desses patrimônios são nossa herança formativa.

Fliaraxá – Conte um pouco sobre o processo de curadoria do Ciclo de Debates. Como você chegou aos temas de cada mesa?

Michele – O processo de curadoria para o Ciclo de Debates Virtuais partiu da perspectiva de uma abordagem mais ampliada da relação entre Educação e Patrimônio Cultural. Muitas vezes, entendemos que os processos educativos se dão apenas dentro da escola, porém as vivências da diversidade do nosso patrimônio carregam conhecimentos estruturadores de nossa sociedade e nos formam como cidadãos. Identificar e reconhecer os saberes que constituem as diversas manifestações culturais e os indivíduos como detentores desse conhecimento ampliam não apenas o entendimento da educação, mas, acima de tudo, abre a perspectiva de que existe uma pluralidade de conhecimentos que devem ser valorizados e respeitados.

Os temas escolhidos buscam, então, abordar essa diversidade para uma reflexão ampliada sobre a importância do patrimônio cultural e seu papel por excelência de carregar conhecimentos estruturadores da nossa sociedade. Abordaremos desde o patrimônio como estrutura formativa, passando pelas dimensões plurais e diversas de construção e vivência desses conhecimentos, até os desafios de materialização do olhar sobre os espaços, suas transformações e significados, além da prática de proteção e salvaguarda na gestão pública.

Fliaraxá – E quais foram os critérios usados para escolher os convidados que participam do desbates?

Michele – Para escolher os convidados, procuramos trazer essa diversidade de conhecimentos e formas de abordagens da relação entre Educação e Patrimônio Cultural. Além de profissionais que atuam nas duas áreas, buscamos professores e professoras, pesquisadores, detentores, representantes de comunidades, agentes culturais e gestores públicos, que nos proporcionaram a aproximação de diversas formas de compreender a importância do patrimônio cultural e os sentidos e conhecimentos presentes nos processos culturais.

Confira a relação do ciclo de debates virtuais:

O caráter formador do Patrimônio Cultural como bem coletivo, com Miguel Gonzalez Arroyo

Espaços de memória e seus processos socializadores de construção do conhecimento, com Macaé Evaristo

Signos, sentidos, linguagens e representações do Patrimônio Cultural, com Leda Maria Martins

Espaços e tempos vividos: territórios de direitos, com Makota Cassia Kidoialê

Etnografias de lugares de memória e identidade, com José Guilherme Cantor Magnani

Lembrança ou esquecimento: memória sensível e sua importância na construção das identidades, com Miriam Hermeto

Leituras plurais do Patrimônio Cultural, com Nila Rodrigues

Diversidade, ancestralidade e movimento: Patrimônio Cultural para além da contemplação e fruição estética, com Ailton Krenak

Os processos plurais de ressignificação do Patrimônio Cultural: novos valores culturais, com Juarez Dayrell

Aprendizado das possibilidades do viver local: construir no construído, com Gustavo Pena e Laura Pena

Ações formativas na gestão do Patrimônio Cultural: transversalidade nas políticas públicas, com Leandro Grass (presidente do Iphan) e Angelo Oswaldo (Prefeito de Ouro Preto)

Queijo artesanal de Minas: processos continuados de escuta, conhecimento, reconhecimento e salvaguarda, com representante da Emater , Debora Raiza (DPM – Iepha), Deyvesson Gusmão (DPI – Iphan), Gabriela Santoro (diretora do Instituto Periférico), representante da Associação dos Produtores de Queijo de Araxá, e Cynthia Rocha Verçosa (presidente da Fundação Cultural Calmon Barreto, representando a Prefeitura de Araxá)

O Fliaraxá é apresentado pela CBMM, com patrocínio do Itaú e da Cemig, via Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, com apoio da TV Integração, Prefeitura Municipal de Araxá, Fundação Calmon Barreto, Câmara Municipal de Araxá, Academia Araxaense de Letras, Condor Eventos, Vale Sul/ Goethe-Institut, Instituto Terra e Sesc.

Serviço:

11.º Festival Literário de Araxá – Fliaraxá
De 5 a 9 de julho, de quarta-feira a domingo
Tema: “Educação, Literatura e Patrimônio”
Local: programação presencial no estacionamento do Estádio Municipal Fausto Alvim (Av. Imbiara – Centro, Araxá) e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliaraxa

Informações:

@fliaraxa – www.fliaraxa.com.br

Informações para a Imprensa:

E-mail: imprensa@fliaraxa.com.br
WhatsApp: 31 9 9204-6367 – Jozane Faleiro
31 9 9277-3238 – Laura Rossetti