Por Letícia Finamore

A programação infantojuvenil deste sábado (4) no 13.º Fliaraxá foi permeada de oficinas. Com atividades para crianças e jovens, as sessões também foram destinadas a pais, educadores e demais públicos interessados. A abrangência de contemplação das idades foi pensada para que houvesse o intercâmbio de temáticas que perpassam a vida escolar dos estudantes, a fim de unir pais e comunidade escolar em um mesmo diálogo.

Para participar das oficinas, foi necessário retirar ingresso na plataforma online Sympla – e as entradas esgotaram rapidamente. No auditório da Biblioteca, às 13h, os visitantes descobriram a potência da cabaça como corpo sonoro a partir da oficina de Cabaças promovida por Fabrício Dukintal. Com o processo de corte, do cuidado manual e da experimentação, cada participante transformou a cabaça em tambor, maracá, berimbau. Ao longo da oficina, Fabrício explicou sobre como se trata de um encontro com tradições antigas, que nos conectam à terra, à oralidade e à música que atravessa gerações, e que vai além do que somente aprender uma técnica artesanal. 

O Espaço Oficina, outro local designado para a realização dessas atividades, não ficou vazio desde a primeira sessão, quando Rute Simões Ribeiro ministrou a oficina “Ateliê de Criação Literária para a Construção de Asas”, às 13h. A escritora portuguesa lança, no 13.º Fliaraxá, a sua obra de ficção mais recente: “O homem sem mim”. Logo em seguida, às 14h, Hugo Monteiro Ferreira conduziu a oficina “As famílias contemporâneas e os desafios na educação de crianças e adolescentes”, direcionada a jovens, professores e demais interessados. O neuropsicólogo, pesquisador e escritor se dedica à saúde mental de crianças, adolescentes e jovens. Dentre tantas temáticas, escreve como os dias atuais colocam crianças diante de escolhas moldadas por adultos, por mercado, cultura, mídia – ou seja, como elas internalizam ou reproduzem uma lógica adulta mesmo em espaços de infância, mesmo das chamadas “microescolhas”.

“Estamos em meio a uma imersão no lúdico. O lúdico como a maneira mais lúcida de não sucumbir ao desespero. O lúdico como estratégia de sobrevivência. Hoje, vendo a imensidão que é perceber o Prêmio de Redação do Fliaraxá, me comovi por inteiro. Meu corpo gritou várias vezes. Uma especia de aleluia as infâncias e as adolescências! Por agora, ‘num’ quero perder um ‘tico’ de memória de tudo que pude sentir”, conta Hugo, que também acompanhou as oficinas dos colegas escritores.

Às 16h, Silvana Gontijo convidou educadores e jovens para refletir sobre o território e a sua simbologia na oficina “A encruzilhada das águas em Araxá”. A escritora infantojuvenil é a idealizadora do projeto “Esse Rio é Meu”, programa que busca a recomposição dos rios e córregos em diferentes regiões da cidade do Rio de Janeiro. O projeto busca financiar pesquisas em novos locais, garantindo a ampliação do projeto para mais municípios do estado fluminense. A oficina tomou um rumo que chegou à proposta de sonhar: estruturar e conquistar nossos sonhos, pensando no que os aproxima à realidade.

Essa proposta que “transborda como as águas de um rio” andou de mãos dadas com a programação que viria a seguir. Às 17h, o escritor Igor Pires apresentou aos participantes da oficina sua visão da Poesia – com P maiúsculo – enquanto um lugar de descanso. A atividade foi voltada, principalmente, ao público jovem, mas sem deixar de ser um convite a todos os entusiastas da palavra poética. Na ocasião, versos foram escritos pelas quase trinta pessoas presentes, que aproximavam o Espaço Oficina da lotação máxima. O exercício da escrita poética colocou a imaginação e a emoção em cena.

Encerrando o ciclo, às 18h, Leo Cunha e Tino Freitas se reuniram para ministrar a oficina “A criação literária em parceria”, um espaço pensado para professores, famílias e interessados em explorar processos colaborativos de escrita. A proposta é trazida à tona porque Leo e Tino já escreveram quatro livros em parceria. “Curiosamente, nenhum de poemas. Digo curiosamente porque foi por meio de dois poemas que brotou nossa amizade e admiração mútua”, conta Cunha. Depois de algum tempo, tornaram-se amigos, parceiros literários e musicais. A parceria entre Tino e Leo é um “canal constante de trocas de ideias”, e por isso os escritores falaram sobre a conexão que a curiosidade, o humor e a musicalidade provocam.

A programação infantojuvenil retorna neste domingo (5): o espetáculo teatral “O Tubarão Martelo e os Habitantes do Fundo do Mar” tem início às 11h e acontece no Teatro CBMM.

 

Sobre o 13.º Fliaraxá

O 13.º Fliaraxá ocorre de 1.º a 5 de outubro, no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá. O evento acontece em mesas de conversa com escritores, lançamentos de livros, prêmio de redação, atividades para as crianças, apresentações musicais, entre outras. Todas as atividades do Festival são gratuitas.

Há 13 anos, a CBMM apresenta o Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá –, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com a parceria da Bem Brasil e o apoio cultural do Centro Cultural Uniaraxá, da TV Integração e da Academia Araxaense de Letras.

 

Serviço:

13.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 1.º a 5 de outubro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá (Av. Ministro Olavo Drummond, 15 – São Geraldo), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @‌fliaraxa
Entrada gratuita