Por Letícia Finamore

A mesa “Memória do Silêncio”, realizada na tarde deste sábado no 13.º Fliaraxá, reuniu três escritoras que, cada uma a seu modo, transformam o silêncio em narrativa: a paracatuense Daniela Prado e as araxaenses Lisa Alves e Júnia Paixão. Foi uma conversa densa e intensa, pesada em conteúdo e, inevitavelmente, emoção.

O ponto de partida foi o silenciamento das mulheres ao longo da história. As autoras discutiram como a escrita pode ser um instrumento de libertação, uma forma de dar voz ao que foi silenciado, de traduzir dores e memórias que o tempo tentou apagar. Lisa Alves trouxe a ancestralidade como chave para compreender o presente e revisitar o passado, mostrando que resgatar essas raízes é também um ato político e de cura – assim como fez após o falecimento de sua mãe.

Essas reflexões são sobre as incapacidades de encarar a realidade e a necessidade de revisitar o passado para preencher os vazios. É nesse contraste entre dor e delicadeza, tragédia e riso, que as três reconhecem a tragicomédia da vida e a potência criadora das mulheres. Diante de tantas conclusões, as três escritoras se deram conta de algo indeclinável: as histórias que contam não pertencem apenas a elas próprias, mas ecoam em tantas outras vozes femininas silenciadas e vidas invisibilizadas.

A conversa também passou por um ponto curioso e bem notado por Daniela: os títulos paradoxais presentes nas obras das autoras que, de acordo com a paracatuense, refletem a contradição e a complexidade do universo feminino. Prado, Alves e Paixão apontaram que a voz que a escrita permite vai além da lógica do oprimido e do opressor. Contar histórias “invisíveis” é um gesto que passa inevitavelmente pela educação, pela formação de leitores e pela consciência de que mudar o mundo começa, antes de tudo, por uma mudança de perspectiva pessoal e individual.

Veja como foi o bate-papo no 13.º Fliaraxá:

 

Sobre o 13.º Fliaraxá

O 13.º Fliaraxá ocorre de 1.º a 5 de outubro, no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá. O evento acontece em mesas de conversa com escritores, lançamentos de livros, prêmio de redação, atividades para as crianças, apresentações musicais, entre outras. Todas as atividades do Festival são gratuitas.

Há 13 anos, a CBMM apresenta o Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá –, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com a parceria da Bem Brasil e o apoio cultural do Centro Cultural Uniaraxá, da TV Integração e da Academia Araxaense de Letras.

 

Serviço:

13.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 1.º a 5 de outubro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá (Av. Ministro Olavo Drummond, 15 – São Geraldo), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @‌fliaraxa
Entrada gratuita