
As duas autoras deram início à programação infantojuvenil do 13º Fliaraxá nesta quinta-feira, 2/10
Por Laura Rossetti
Foto por @bleia
A escritora, professora, cantora e compositora belo-horizontina Madu Costa abriu a programação deste segundo dia do 13º Fliaraxá com música, dança e histórias. Assistida por um público adolescente no Teatro CBMM, a autora começou sua apresentação cantando uma música que ela compôs em Belo Horizonte, a partir da sua comoção diante da visão de pessoas em situação de rua. “A cidade imunda, barulhenta e muda anuncia a fé, denuncia fé demais/ Cristão alimenta irmãos, sentados na fila do pão (…)“, entoou Madu, de 72 anos, enquanto dançava um passinho de funk, para uma plateia que a acompanhou fazendo o ritmo da música.
Em uma conversa engajada com os jovens, a autora – que publicou cerca de 30 livros nos gêneros infantil e cordel – também contou a história de uma das suas mais recentes obras, “Zuza” (Editora Cora). Madu leu trechos do livro: “Zuza é menino preto, nascido no gueto, na comunidade. Na vila, na favela, no quilombo, no morro, na cidade”. A autora contou ainda sobre sua motivação ao escrever o livro: “O ‘Zuza’ é esse desejo meu de mulher preta e escritora, de que o racismo, esse sistema maldito da nossa sociedade, seja extirpado, extinto o quanto antes. Eu quero estar viva para ver isso”, disse.
Em seguida, a fotógrafa e ilustradora araxaense Marlette Menezes subiu ao palco e contou sobre sua experiência trabalhando em comunidades rurais, o que a levou a pesquisar sobre a personagem folclórica chamada Sacy. A pesquisa de Marlette, feita ao longo de sete anos, deu origem ao livro “Procurando Sacy” (Mazza Edições), que ela vai lançar no festival, no sábado, 4/10, às 11h, na Central de Autógrafos.
A partir de sua investigação, a ilustradora se deu conta das inúmeras histórias e concepções existentes sobre este personagem, que variam de acordo com a cultura e a região brasileira em questão. “Então, eu comecei a viajar por este país e encontrei [a história] do Matinta-Pereira, no Amazonas; e encontrei o “Lambe Sujo”, no Sergipe (…) Eu fui chegando à conclusão de que o Sacy são muitos e ele pode ser o que a gente quiser”, contou.
Madu Costa finalizou a mesa incentivando o público a se encantar com a leitura, refletir sobre questões sociais e se expressar com sua própria voz: “Não deixar que o outro fale por nós. Ler bastante pra gente ter opinião e sustentar discussões. Quem lê não acredita em tudo que escuta”. A apresentação foi gravada e já está disponível no canal do YouTube do Fliaraxá.
Tino Freitas e Silvana Gontijo
Às 9h30, foi a vez do escritor e músico cearense Tino Freitas apresentar canções e histórias, também a uma plateia formada por adolescentes. O autor contou sobre o primeiro livro que ele escreveu, “Cadê o juízo do menino?” (Brinque-Book), em homenagem ao seu filho, Pedro, que costumava ser muito bagunceiro quando criança. O autor divertiu o público com dinâmicas interativas e ainda leu trechos de outro livro de sua autoria, “Gabi de bigode” (VR Editora).
Em sequência, a escritora e jornalista carioca Silvana Gontijo se juntou a Tino para conversar com os jovens sobre o respeito e cuidado com o meio ambiente. Silvana é autora da série de seis livros “Turma do Planeta”, que busca ensinar sobre a preservação da natureza e a valorização da arte, e das diversidades culturais. Além disso, a autora lidera o projeto “Esse rio é meu”, idealizado pela Planetapontocom. A iniciativa busca motivar e mobilizar as escolas a trabalharem pela recuperação e preservação dos rios presentes na cidade do Rio de Janeiro. A conversa completa pode ser acessada aqui.
Sobre o 13º Fliaraxá
O 13º Fliaraxá acontece até dia 5 de outubro, domingo, no Centro Cultural Uniaraxá. O festival conta com mesas de conversa com escritores, lançamentos de livros, prêmio de redação, atividades para as crianças, apresentações musicais, entre outras. Todas as atividades são gratuitas.
Há 13 anos, a CBMM apresenta o Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá –, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com a parceria da Bem Brasil e o apoio cultural do Centro Cultural Uniaraxá, da TV Integração e da Academia Araxaense de Letras.