
por Laura Rossetti
“Escrever o futuro” foi o tema que norteou a conversa entre as escritoras Mariana Carrara, Rute Simões Ribeiro, Eliane Marques, mediada por Ricardo Ramos Filho. Eles estiveram juntos em uma mesa de bate-papo na tarde deste sábado, 4/10, no Teatro CBMM, dentro da programação Nacional/Internacional do 13.º Fliaraxá. A conversa completa já está disponível no canal do YouTube do festival.
Mariana Carrara foi quem deu início ao bate-papo, com uma reflexão sobre o futuro como força motriz da criação literária. “Acho que é justamente a agonia da completa ausência de informações sobre o futuro – ambientalmente falando, mas também sobre nosso próprio destino – que me movimenta na temática da morte, da perda da memória. (…) Acho que todos os livros são uma especulação sobre aonde vamos parar”, refletiu a autora de livros como “Se deus me chamar não vou” e “É sempre a hora da nossa morte amém”.
A autora de obras como “Sílex” e “Louças de família”, Eliane Marques, falou sobre o futuro depois de contar histórias de tradições africanas envolvendo orixás como Iemanjá e Oxum. “Escrever o futuro implica ‘mão’. Mão como concretude, que é a mão da escritora e do escritor, mas também a mão da cozinheira, a mão do motorista, a mão do pedreiro”, disse, ressaltando a importância do trabalho das inúmeras pessoas ao redor para que o trabalho de um escritor seja possível. “Essas mãos produzem algo de hoje, um objeto presente, e é esse objeto que é futuro”, observou Eliane.
Já Rute Simões Ribeiro iniciou suas considerações sobre o tema da mesa tomando como base a narrativa do seu livro “A breve história da menina eterna”, cuja protagonista nasce em um lugar onde um véu cobre a palavra “morte” e, por isso, ela não tem contato com a finitude. “Nesta experimentação de futuro longo, ela fica perdida e não há urgência. Talvez o fato de nos conhecermos finitos nos coloca alguma urgência em atuar, em ser”, considerou a autora. Em sua fala, a autora também ressaltou que a ideia que as pessoas fazem de temas como futuro e finitude são diversas e variam de acordo com o ambiente em que nascem e crescem, por exemplo, e o contexto socioeconômico. “Há vários países africanos em que a palavra ‘futuro’ não existe”, destacou Rute.
Sobre o 13.º Fliaraxá
O 13.º Fliaraxá ocorre até domingo, 5/10, no Centro Cultural Uniaraxá, com mesas de bate-papo, oficinas, lançamentos de livros, atividades infantojuvenis, entre outros. Todas as atividades do festival são gratuitas. Há 13 anos, a CBMM apresenta o Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá –, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com a parceria da Bem Brasil e o apoio cultural do Centro Cultural Uniaraxá, da TV Integração e da Academia Araxaense de Letras.
Serviço:
13.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 1.º a 5 de outubro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá (Av. Ministro Olavo Drummond, 15 – São Geraldo), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliaraxa
Entrada gratuita