
Por Gabriel Pinheiro
A mesa “Literatura infantil para crianças e seus adultos” trouxe grandes nomes da literatura para infâncias para o palco do Fliaraxá
Três grandes nomes da literatura para infâncias no Brasil e exímios contadores de histórias se reuniram hoje no 13.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá – para uma conversa deliciosa e inspiradora. A mesa “Literatura infantil para crianças e seus adultos” reuniu Alessandra Roscoe, Madu Costa e Tino Freitas.
Na abertura, Madu citou o escritor e curador Léo Cunha, dizendo que a literatura infantil é para leitores “de 0 a sempre”. A escritora comentou ter começado a publicar aos 48 anos e celebrou a publicação de suas obras para além do Brasil, chegando em Moçambique – e com negociações para Angola. Costa também falou da emoção da participação em um festival literário, do convívio com outros autores e da inspiração. “A gente transforma essas histórias das crianças negras, a criança que eu fui, em Literatura. Para desaguar num rio e terminar em um mar de possibilidades”, Madu declarou de maneira poética sobre seu trabalho para infâncias.
Madu apresentou seu livro mais recente “Trança a trança”, contando a história por trás do livro, que descreve com delicadeza uma avó trançando o cabelo de uma neta, celebrando o pertencimento, a beleza e a ancestralidade do povo negro. “Esse livro traz um trançar que transcende”, ela refletiu poeticamente. Ela também falou sobre outro lançamento, “Tudo é mar”, obra de caráter autobiográfico que convida a um mergulho profundo nas memórias, cantigas, rezas, conhecimentos e encantamentos do povo africano, que atravessam o tempo e o espaço, mas, de maneira fascinante, permanecem. “O meu sonho era conhecer o amor, coisa que eu só fui fazer aos 28 anos de idade”. Concluindo sua apresentação, Madu emocionou os presentes: “Quem chorou tem mar nos olhos”.
Alessandra Roscoe relembrou Valter Hugo Mãe e o romance “Educação da tristeza” do autor português ao refletir sobre a importância da literatura e dos festivais literários. “Acho que a literatura, em minha vida, me ajudou a educar todas as minhas tristezas”. Roscoe comentou sobre a importância de, enquanto adultos, mantermos a imaginação, o olhar de poesia tão caro à infância. A autora leu um trecho de seu novo trabalho “Nos fios do invisível”, obra em que investiga os laços de afeto que envolvem a adoção, com ilustrações do Grupo Matizes Dumont. “Hoje eu enxergo a infância como uma ‘desvergonha’. O adulto tem vergonha de tudo, tem medo de tudo. A criança tem uma ‘desvergonha’ maravilhosa. (…) O que ela imagina passa a existir”. A escritora, então, comentou sobre a forma como seus filhos inspiraram e inspiram suas histórias. Ela também leu um trecho emocionante de “Coisas que desacontecem”: “Quando as pessoas que amamos desacontecem, desacontece também o nosso chão”.
“Acho que estar aqui no Fliaraxá faz com que a gente perceba que acontece aqui uma coisa que muitos não percebem: os produtores da literatura infantil muitas vezes são colocados em um lugar diferente. (…) Os Fliaraxá e os outros Flis colocam a produção de literatura infantil em contato também com as outras literaturas”, celebrou Tino Freitas sobre a forma como a literatura para infâncias integra a programação do Festival. Tino, então, leu o livro “O mandiocão”, um conto cumulativo, que tem uma ação que se repete e que diverte, para reunir a criançada e ler em voz alta, coisa que o público presente fez, completando a leitura em voz alta junto de Tino Freitas.
Sobre o 13.º Fliaraxá
O 13.º Fliaraxá ocorre de 1.º a 5 de outubro, no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá. O evento acontece em mesas de conversa com escritores, lançamentos de livros, prêmio de redação, atividades para as crianças, apresentações musicais, entre outras. Todas as atividades do Festival são gratuitas.
Há 13 anos, a CBMM apresenta o Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá –, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com a parceria da Bem Brasil e o apoio cultural do Centro Cultural Uniaraxá, da TV Integração e da Academia Araxaense de Letras.
Serviço:
13.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 1.º a 5 de outubro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá (Av. Ministro Olavo Drummond, 15 – São Geraldo), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliaraxa
Entrada gratuita