
por Gabriel Pinheiro
O curador local Rafael Nolli conversou com participantes do Clube do Livro que, juntos, mergulharam nas obras de Scholastique Mukasonga e Léonora Miano
O 13.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá – realizou, nos meses que antecederam o Festival, um Clube do Livro especial com obras da autora homenageada desta edição, a ruandesa Scholastique Mukasonga, e da convidada franco-camaronesa Léonora Miano. Organizado pelo curador local Rafael Nolli, o Clube do Livro se reuniu para a leitura das obras como “A mulher de pés descalços”, “Nossa Senhora do Nilo” e “Baratas”, de Scholastique, e “Stardust”, de Léonora, abordando também o contexto político, histórico e social das obras em questão.
Rafael Nolli recebeu, no Auditório da Biblioteca, os convidados Germano Reis, Luciana Donadeli e Aline Cipriano para uma conversa sobre o Clube do Livro do Fliaraxá e os impactos das leituras das obras de Scholastique Mukasonga e Léonora Miano. “Nossa mesa tem a proposta de recordar, analisar e falar sobre o que aconteceu nesses quatro encontros do Clube do Livro”, abriu Nolli.
Rafael, então, perguntou para os convidados sobre suas impressões acerca das leituras realizadas em conjunto. ”Estar em um clube do livro faz com que a leitura seja aprofundada em um nível mesmo de construção de experiência. Num nível afetivo na relação com aquela obra”, destacou Luciana Donadeli. Na sequência, Germano Reis declarou que a experiência foi fantástica. “Muitas partes de um livro não são vistas da mesma forma. A forma como cada um enxerga o mundo é completamente diferente. E é muito bom compartilhar isso com meus colegas. O mais rico é a forma como a mesma palavra chega para cada pessoa.” Por fim, Aline Cipriano disse achar o Clube do Livro revolucionário. “O Clube do Fliaraxá trouxe a possibilidade de lermos duas autoras africanas. São olhares que normalmente não temos acesso.”
Donadeli falou sobre o Clube do Livro “Mulheridades”, realizado na cidade de Araxá. “Outras pessoas foram abraçando essa ideia e nesse ano já tivemos 10 encontros. A ideia é ler mulheres por entender que a mulher ainda está engatinhando na construção desse espaço na literatura. Por exemplo, quando vemos os resultados dos grandes prêmios. A pluralidade do feminino se expande em cada cultura, em cada realidade.”
O mediador perguntou para os convidados sobre suas impressões acerca da mesa de Sholastique Mukasonga, ao lado de Itamar Vieira Junior e Jeferson Tenório, realizada na quinta-feira, 2 de outubro, na programação do Fliaraxá. “A sensação que me deu foi de ver alguém com quem compartilhamos certa intimidade. Foi uma sensação de deleite. Ficou marcado a gentileza e a delicadeza de Scholastique”, destacou Luciana. “Ela olha pra gente com profundidade”, comentou Germano. “Saí daqui pensando ‘Que mulher afetuosa’. É um legado personificado”, declarou Aline.
Vários participantes do Clube do Livro estiveram presentes na plateia. Rafael Nolli, então, convidou alguns dos presentes a lerem trechos das obras, compartilhando também suas impressões e aquelas leituras preferidas. “Foi mágico, foi um lugar de encontro”, reforçou Aline Cipriano ao fim da conversa, relembrando os encontros do Clube do Livro. “Queria reforçar a importância da leitura. Cada pessoa tem um universo em si. As palavras têm uma força gigantesca. É importante que a gente possa, cada vez mais, ampliar nossas palavras, ampliar nosso repertório, ampliar o nosso mundo. Somente assim podemos evitar situações como o genocídio de Ruanda”, destacou Germano Reis. Por fim, Luciana Donadeli refletiu: “A possibilidade da literatura é de criar uma nova realidade subjetiva. Não acredito que a gente possa sair desse lugar de tanta turbulência se não for pela literatura. O clube do livro é uma revolução”.
Sobre o 13.º Fliaraxá
O 13.º Fliaraxá ocorre de 1.º a 5 de outubro, no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá. O evento acontece em mesas de conversa com escritores, lançamentos de livros, prêmio de redação, atividades para as crianças, apresentações musicais, entre outras. Todas as atividades do Festival são gratuitas.
Há 13 anos, a CBMM apresenta o Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá –, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com a parceria da Bem Brasil e o apoio cultural do Centro Cultural Uniaraxá, da TV Integração e da Academia Araxaense de Letras.
Serviço:
13.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 1.º a 5 de outubro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá (Av. Ministro Olavo Drummond, 15 – São Geraldo), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliaraxa
Entrada gratuita