As autoras Marlette Menezes (araxaense) e Lívia Aguiar se preparam para lançar o livro “Procurando Sacy” no 13.º Fliaraxá. A obra, que foi  editada pela Mazza Edições, tem como foco livros sobre cultura brasileira e afro-brasileira. Marlette e Lívia realizam o lançamento no dia 4 de outubro, sábado, às 11h, no Centro Cultural Uniaraxá (Av. Ministro Olavo Drummond, 15 – São Geraldo).

O livro ilustrado celebra o centenário do desenho Sacy (1925) da pintora Tarsila do Amaral e coloca o mito brasileiro para rodopiar. Concebido para crianças de 7 a 107 anos, propõe novas associações em torno do Sacy – a circularidade, a ginga, a metamorfose brasileira – para escapar da função social de explicar traquinagens. 

Filho do medo, da noite, do sertão, da mata virgem, o Sacy carrega pela história os diversos sentidos da vida da gente brasileira. O livro ilustrado Procurando Sacy, de Marlette Menezes e Lívia Aguiar, tem como ponto de partida a obra Sacy, 1925, da artista modernista Tarsila do Amaral, que neste 2025 completa 100 anos. Em vez de fixar uma imagem do mito, como fez seu contemporâneo Monteiro Lobato, o Sacy de Tarsila invoca os códigos visuais da personagem mitológica: um gorro vermelho, um corpo preto, uma perna só. Projeta uma figura cibernética, meio robô, meio humana. Uma entidade encantada que mira no passado e acerta no futuro. 

Pouco se falou sobre o desenho de Tarsila – até agora. Cem anos depois, o desenho recebe esta obra como homenagem e celebração. A partir da pesquisa, do argumento e da estrutura identificada pela artista Marlette Menezes – gorro vermelho, corpo preto, uma perna e, claro, o redemoinho –, as autoras produzem um livro ilustrado para todas as idades que não busca fixar uma imagem do mito, e sim colocam o Sacy para rodopiar no redemoinho. O Sacy espectral escapa ao texto – desestabiliza narrativas e permanece rindo nas bordas, na mata, no redemoinho. Assim, as autoras buscam desconstruir as imagens fixadas para a montagem e produção de uma poética visual, no rastro dos movimentos do Sacy.

Uma de suas origens talvez esteja na entidade tupi-guarani Jacy Jatere (em espanhol, Yasy Yateré), um pássaro cujo nome significa fragmento de lua. Ao grafar Sacy com Y, que significa “água” em tupi antigo, “Procurando Sacy” acentua sua raiz no ser encantado dos povos das florestas. A pesquisa etnográfica em diálogo com a arte que deu origem ao livro inclui também os desenhos de sacys de Ziraldo e de Maurício de Souza e os escritos de Monteiro Lobato, Ruth Guimarães, Câmara Cascudo, Guimarães Rosa, Mário de Andrade e Antonio Candido. 

Em “Procurando Sacy”, as autoras contam algumas das muitas histórias existentes do sacy, com o desejo de colocar os muitos sacy(i)s em circulação. A obra aborda o Sacy como espectro-estrutura: fantasma da mata, força de transformação social. E promove a desconstrução do mito para a geração de outras formas e a produção de novas imaginações para o povo brasileiro. Longe de fixar respostas, “Procurando Sacy” faz perguntas e estimula ainda mais perguntas, o que tem grande potencial de ser trabalhado em sala de aula, bibliotecas e demais ambientes formativos. 

 

Sobre as autoras

Marlette Menezes

Multiartista, fotógrafa e possui ampla experiência em design. Na literatura infantil, ilustrou mais de 30 livros e recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio Jabuti 2009 pelo livro “No risco do Caracol”, de Maria Valéria Resende (Editora Autêntica). Natural de Araxá (MG), viveu mais de 40 anos em Belo Horizonte. Foi proprietária da Hexagon Design, onde atuou de forma pioneira no uso de tecnologias digitais. Também lecionou nos cursos de Design da UEMG e da UFMG, além de trabalhar com design social em comunidades da produção artesanal de diversas regiões do Brasil. Em sua pesquisa sobre experiência e aprendizagem, investiga o mito do Sacy. Em 2019, realizou a curadoria do evento Conversação: Procurando Sacy, na Academia Mineira de Letras, no Espaço do Conhecimento da UFMG e na Livraria da Rua. A partir desse projeto, e em parceria com Lívia Aguiar, produziu o livro “Procurando Sacy”, publicado pela a Mazza Edições. @marlettemenezes

 

Lívia Aguiar

Nascida em BH, já deu a volta ao mundo e hoje mora no Rio de Janeiro. Investiga formas de materializar e difundir as palavras no corpo e em publicações impressas, digitais, sonoras. Além do livro “Procurando Sacy”, também publicou “Histórias do tempo do amém” (Numa Editora, 2021), “Aéroport” (Bebel Books, 2024), “Siricotico: diário de Carnaval” (Bebel Books + Pipoca Press, 2025) e mais de 20 zines autorais feitas em técnicas variadas. Dá oficina de zines desde 2016, é idealizadora do projeto de poesia e performance em diálogo com as artes visuais Provocações Poéticas desde 2023, produz o podcast Respiro: literatura contra a falta de ar desde 2020, publica a newsletter sobre processo criativo eusouatoa.substack.com, etc etc etc. Em 2018, participou da Conversação Procurando Sacy com a performance redemoinhada Manisfeto Sacy, que também virou uma zine meio doida, distribuída durante o evento. Daí a topar escrever “Procurando Sacy” com Marlette, foi um pulo. @eusouatoa

 

Sobre a Editora

Ao longo de mais de quarenta anos de atividades, a Mazza Edições reafirma seu compromisso de levar o melhor da cultura brasileira e afro-brasileira aos seus leitores. A Mazza Edições reflete em seu catálogo o empenho de escritores e leitores que acreditam na construção de uma sociedade baseada na ética, na justiça e na liberdade. Acreditando nisso, investiu na publicação de autores(as) negros(as) e de livros que abordam os diversos aspectos da cultura afro-brasileira relacionada, por sua vez, a um largo segmento das populações excluídas no Brasil. No tocante a essa temática, a Editora se tornou referência nacional e internacional, na medida em que contribui para os debates acerca da diversidade sócio-cultural de nosso País. mazzaedicoes.com.br @mazzaedicoes

Sobre o 13.º Fliaraxá

O 13.º Fliaraxá ocorre de 1.º a 5 de outubro, no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá. O evento acontece em mesas de conversa com escritores, lançamentos de livros, prêmio de redação, atividades para as crianças, apresentações musicais, entre outras. Todas as atividades do Festival são gratuitas.

Há 13 anos, a CBMM apresenta o Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá –, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com a parceria da Bem Brasil e o apoio cultural do Centro Cultural Uniaraxá, da TV Integração e da Academia Araxaense de Letras.

 

Serviço:

13.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 1.º a 5 de outubro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá (Av. Ministro Olavo Drummond, 15 – São Geraldo), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @‌fliaraxa
Entrada gratuita