Por Letícia Finamore

As memórias nacionais foram o guia da conversa entre os escritores Myriam Scotti, Estevão Ribeiro e Matheus Leitão na tarde do sábado, 22, quarto dia do 12.º Fliaraxá.  Os três escritores compartilharam suas motivações para escrever, o que levou o tema a permear suas histórias pessoais. Enquanto Scotti  inspirou-se no Amazonas, seu estado de origem, para escrever “Terra úmida”; Ribeiro retrata a busca pelo corpo de seu irmão em “Enquanto ele estava morto”; e Matheus Leitão, em “Em nome dos pais”, sobre como o golpe militar de 1964 afetou sua família.

O trio de escritores compôs uma mesa com misturas dos estados de Manaus e Espírito Santo e do Distrito Federal. Essa mistura trouxe à tona o fato de que, ao mesmo tempo que o Brasil é muito diferente, ele é muito igual. Cada local recebe influências e é afetado de diferentes formas, mas, em suma, o  País reverbera os mesmos problemas que levam os três autores a escrever: histórias pesadas – e poucas vezes encobertas – e sentimentos profundos do ser humano. 

Tentando fugir da realidade é que Myriam Scotti se motiva para escrever ficção – que, a partir de trocas de ideias com o escritor argentino Julián Fuks, passou a tratar o universo ficcional como sua filosofia de vida. Mesmo assim, suas obras buscam relembrar suas raízes manauaras que, por muito tempo, negou com seu, agora extinto, “complexo de vira-lata”, ao colocar seu estado de origem em uma posição de inferioridade.

Estevão Ribeiro, por outro lado, utiliza sua escrita como uma forma de confrontar e entender os traumas familiares. “Enquanto ele estava morto” não é apenas uma busca física pelo corpo do irmão, mas também uma busca emocional e psicológica por respostas e pelo fechamento de um ciclo doloroso. Essa obra se torna um reflexo das diversas histórias não contadas e sofridas que permeiam o Brasil, trazendo à tona a importância de se discutir e reconhecer esses eventos para a construção de uma memória coletiva mais justa e completa.

Sobre o Fliaraxá

A CBMM apresenta, há 12 anos, o Festival Literário Internacional de Araxá, um festival literário com atividades acessíveis, inclusivas, antirracistas, éticas, educativas e em equilíbrio com a diversidade, economia criativa, raça, gênero e pessoas com deficiência. Toda a programação é gratuita, garantindo a democratização do acesso. O Fliaraxá tem, também, o patrocínio do Itaú, da Cemig e do Bem Brasil, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Participam, na qualidade de apoio cultural, a Prefeitura de Araxá, a Fundação Cultural Calmon Barreto, a TV Integração, a Embaixada Francesa no Brasil, o Institut Français e a Academia Araxaense de Letras. Todas as atividades do Festival são gratuitas, com a curadoria nacional de Afonso Borges, Tom Farias e Sérgio Abranches e curadoria local de Rafael Nolli, Luiz Humberto França e Carlos Vinícius Santos da Silva.

Serviço

12.º Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá
De 19 a 23 de junho de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Programação presencial na Fundação Cultural Calmon Barreto (Praça Artur Bernardes, 10 – Centro), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @‌fliaraxa
Entrada gratuita
Informações para a imprensa: imprensa@fliaraxa.com.br
Jozane Faleiro  – 31 99204-6367/ Letícia Finamore – 31 98252-2002